Quando o tema é certificação LEED há muitas questões a serem esclarecidas. O design com foco no meio ambiente está intimamente ligado à sustentabilidade do planeta e empresas que desejam destaque no mercado, precisam ficar ligadas a essas questões.
A LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edificação, utilizado em mais de 160 países. O objetivo desse sistema é incentivar a transformação dos projetos, obra e operação das edificações, com foco sempre na sustentabilidade.
Segundo o Green Building Council Brasil (GBC), em 2018, o Brasil ocupava a 4ª posição no ranking mundial de construções certificadas LEED, atrás apenas dos Estados Unidos.
Ralph Chezzi, engenheiro civil, responsável pela Bump Comunicação Visual, explica sobre o significado da sigla LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental):
“A classificação LEED foi criada pelo United States Green Building Council (USGBC), em 1993. A principal ideia por trás dessa certificação é promover e fomentar práticas de construções sustentáveis. Mas isso também está muito relacionado à consciência das empresas sobre o impacto que podem provocar no planeta e tentar diminui-los.”
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Entenda por que surgiu o LEED
Quando se fala na certificação LEED, é preciso entender quais os princípios por trás da criação dessa classificação mundial:
O LEED é importante para reconhecer a liderança ambiental na indústria da construção;
Ajuda a definir edifícios verdes por meio de um padrão universal comum de medição;
Ajuda a promover práticas de projeto e de construção integrativas;
Serve para estimular a concorrência verde;
Ajuda na sensibilização dos consumidores acerca dos benefícios da construção verde;
Ajuda a propagar a visão sobre o desempenho de um edifício ao longo de seu ciclo de vida;
Serve para promover a transformação no mercado da construção.
Como um projeto recebe a certificação LEED?
Para que um projeto seja certificado, precisa garantir uma pontuação mínima.
“Essa pontuação precisa atender a diversos requisitos de Construção Verde. Cada categoria possui alguns pré-requisitos e créditos. Os pré-requisitos são indispensáveis para que um projeto consiga obter certificação, já os créditos são responsáveis pelas pontuações que irão contribuir para o nível de certificação”, esclarece Chezzi.
As categorias de Construção Verde são as seguintes:
Localização e transporte;
Lotes sustentáveis;
Eficiência da água;
Energia e atmosfera;
Materiais e recursos;
Qualidade interna dos ambientes;
Inovação e prioridades regionais.
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Se uma empresa opta pela inserção de um sistema de energia renovável em sua edificação, como por exemplo, a utilização de placas fotovoltaicas, atinge uma pontuação no crédito de Energias Renováveis referente à categoria Energia e Atmosfera.
“O sistema de classificação vai pontuando a edificação de acordo com o quanto se fizer de mudanças positivas e sustentáveis”, explica o especialista.
As otimizações em uma edificação podem somar em até 70 e os edifícios podem ser certificados em:
Certified: 40 pontos;
Silver: 50 pontos;
Gold: 60 pontos;
Platinum: 80 pontos ou mais
Dentre os exemplos de empresas que possuem essa certificação estão:
JK 1455 (SP)
O edifício passou por adequação para que sua estrutura passasse a ser sustentável. O prédio foi entregue em 2008 pela Cyrela. Dentre as soluções verdes adotadas pelo empreendimento estão a redução do consumo de energia elétrica e melhor uso da água. O JK 1455 possui o LEED Gold.
Porto Brasilis (RJ)
Empreendimento da Gafisa, esse empreendimento adotou uma série de ações sustentáveis como sistema de tratamento e reaproveitamento de água, uso de materiais de construção com baixos compostos orgânicos voláteis, entre outras.
Energisa PB
No sertão da Paraíba, o conjunto de prédios da Energisa também possui o selo LEED. O terreno de 10 mil m² recebeu um conjunto de prédios com 1.902 m² de área construída com materiais renováveis como madeira com certificação de reflorestamento, vidros laminados com baixo fator solar, telhas de alumínio com preenchimento de poliuretano para proteção térmica, etc.
Sustentabilidade além de pontos e certificação
Chezzi acredita nas práticas sustentáveis como cultura de uma empresa, além da certificação LEED e de pontos alcançados:
“Práticas sustentáveis precisam fazer parte do dia a dia da empresa. A simples preocupação em uma obra com a reciclagem de materiais e os cuidados para que não se cometam desperdícios já contam como consciência quanto à preservação do meio ambiente”.
Ainda que uma edificação conte com a certificação, isso também não garante que “pratique a sustentabilidade”.
“O empreendimento que tem o selo platinum, por exemplo, pode não praticar a sustentabilidade no dia a dia e ser certificado apenas enquanto empreendimento físico, isso porque os colaboradores não praticam a cultura da sustentabilidade, o LEED se torna apenas um requisito cumprido como tantos outros”, alerta o especialista.
O selo LEED costuma ser utilizados pelas empresas a fim de ações de marketing em prol do negócio.
“Muitas empresas se apropriam do selo LEED como referencial na sinalização da empresa, seja na assinatura de e-mail, em placas de metal localizadas logo na entrada do empreendimento, no site da empresa, etc. É uma certificação que agrega em valor à empresa, mas vale o alerta de que ações sustentáveis devem ser realizadas todos os dias, na cultura da empresa”, conclui.